quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Eu...



Já perdoei erros quase imperdoáveis,

tentei substituir pessoas insubstituíveis

e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,

já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,

mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,

já dei risada quando não podia,

fiz amigos eternos,amei e fui amado,

mas também já fui rejeitado,

fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,

já vivi de amor e fiz juras eternas,

“quebrei a cara muitas vezes”!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,

já liguei só para escutar uma voz,

me apaixonei por um sorriso,

já pensei que fosse morrer de tanta saudade

e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!

Não passo pela vida…

E você também não deveria passar!

Viva!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,

abraçar a vida com paixão,

perder com classe e vencer com ousadia,

porque o mundo pertence a quem se atreve

e a vida é “muito” pra ser insignificante.

Charles Chapplin


Bom mesmo é ir a luta com determinação,

abraçar a vida com paixão,

perder com classe e vencer com ousadia,

pois o triunfo pertence a quem se atreve...

A vida é muita para ser insignificante

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O sururu da grande lagoa mãe - Theresa Siqueira

O SURURU DA GRANDE LAGOA MÃE –
Entre o nutritivo e o cultural - O Patrimônio das Alagoas, em defesa da soberania e da cultura alimentar.
Por Theresa Siqueira

Mundaú Lagoa Grande Bebedouro,
de muitas bocas o sustento
de tantas vidas o prazer.
Mesmo tendo suas forças sugadas pela poluição
como mãe nunca se entrega, faz da lama nascer o sururu...”


Percorro a orla da grande Lagoa Mundaú, e vejo os sururus ainda no capote, aos montes para a catação. Nas calçadas, homens, mulheres, crianças, todos envolvidos nesse processo. Gentes-sururus, que como a Lagoa, resiste e enfrenta esse caos, essa poluição. Nesse trajeto, penso no Manifesto Sururu escrito por Edson Bezerra , manifesto-grito que faz ecoar esse movimento de resistência.
Penso e reflito sobre as mulheres que moram na beira da lagoa. Essas mulheres que vejo na catação, e tantas outras que moram no Brejo do Passarinho, que moram nas favelas e, também aquelas que residem nos Conjuntos Virgem dos Pobres I, II e III.. Há um tempo atrás, em 2003 orientamos alguns Trabalhos de Conclusão de Curso de Nutrição que tinham como objetivo conhecer os saberes e as práticas alimentares das mulheres (gestantes, puerperas, nutrizes) moradoras do Conjunto Virgem dos Pobres III. E o que sobressaiu nas falas dessas mulheres foram os alimentos industrializados, as sardinhas enlatadas, os macarrões instantâneos da moda “nissin miojo”, o pão, a carne de charque, os refrigerantes de cola entre outros . (CARVALHO,2004; FERRO,2004) E nada do Sururu. O Sururu não aparecia em nenhuma das falas. Alimento este, nutritivo, protéico, rico em cálcio , fósforo etc. Alimento este tão próximo e tão distante.
O Olhar sobre o Sururu nos leva a refletir sobre a soberania alimentar e o resgate da cultura alimentar. Segundo o Conselho de Segurança alimentar e Nutricional CONSEA a cultura alimentar faz parte de nosso patrimônio. Há muitos fatores associados a desvalorização de nossos alimentos regionais. De acordo com a II Conferência de SAN a cultura alimentar deve ser valorizada, partindo do resgate de hábitos alimentares, produtos e espécies historicamente inseridos nos sistemas alimentares locais/regionais. Sendo necessário para isso, o estimulo às iniciativas interdisciplinares de pesquisa e a promoção de estudos que favoreçam a identificação e conhecimento das culturas alimentares das diversas regiões e etnias. “A escolha dos alimentos, sua preparação e consumo estão relacionados com identidade cultural – são fatores desenvolvidos ao longo do tempo, que distinguem um grupo social de outro e que estão intimamente relacionados com a história, o ambiente e as exigências especificas impostas ao grupo social pela vida do dia-a-dia”. (CONSEA,2004)
No que diz respeito a soberania alimentar, o documento do CONSEA define que esta condição só se efetivará quando ocorrer uma liberdade para que os povos decidam o que será produzido, como será a produção e o que e como será consumido, respeitando a cultura alimentar. De acordo com o documento citado acima, “A cultura alimentar é um patrimônio valioso que precisa ser preservado. Para isso, um primeiro passo é criar as condições para que a sociedade conheça sua história agrícola e alimentar, valorizando esse patrimônio enquanto tal.”(CONSEA, 2004)
Reflito também sobre as pesquisas acadêmicas sobre o valor nutritivo do Mytella Falcata ou Mytella Charruana., popularmente conhecido como Sururu. Parece que essas pesquisas ainda estão bem distantes das comunidades-sururus. Precisamos popularizar o conhecimento cientifico, para quê ciência se ela não é popularizada, democratizada. Se as classes populares que vivem desse molusco mal sabem dos estudos científicos sobre ele. Não têm acesso a tais estudos.
E o Manifesto nos faz refletir sobre isso, conclamar todos para o debate sobre o patrimônio alimentar que temos na nossa grande Lagoa Mãe.
Por fim, volto ao meu percurso inicial da Orla Lagunar Mundaú, e lembro do Cais da Levada . Lembro de que quando criança acompanhada de meu pai, atravessávamos a lagoa em direção a Coqueiro Seco. E reflito junto com o personagem do livro Calunga de Jorge de Lima:
Nesse tempo longe, ainda não tinha olhos capazes de ver o que vinha vendo agora, ao voltar as coisas e a ao povo da infância, ao começo da vida, que era como uma terra em começo... (LIMA, 1943)

E nessa terra em começo, vamos ao Manifesto que,
“quer muito pouco. Quem sabe um pouco mais do que exercitar um certo olhar: um olhar atento por sobre as coisas alagoanas. O manifesto sururu não quer apostar e nem pousar em outras imagens. O que ele procura é exercitar olhos e sentidos por sobre (e dentre) antigas e permanentes imagens das coisas alagoanas...” (BEZERRA, 2004)


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA:


BEZERRA, E. Manifesto Sururu. Maceió, 2004. (mimeo).

BRASIL 2003 Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
CARVALHO, RR 2004 - Saberes e práticas alimentares de gestantes cadastradas na equipe de saúde da família da comunidade Virgem dos Pobres III - Maceió Alagoas – Trabalho de Conclusão de Curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas.
FERRO L. M. T. 2004 - Saberes e práticas alimentares de puérperas cadastradas na equipe de saúde da família da comunidade Virgem dos Pobres III - Maceió Alagoas - - Trabalho de Conclusão do Curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas
LIMA, J. 1943. Calunga. 2º edição. Alba Editora . Rio de Janeiro.

domingo, 19 de agosto de 2007

Para aqueles que gostam de Drummond


Além da terra, além do céu

no trampolim dos sem fim das estrelas

no rastro dos astros

na magnólia das nebulosas


Além muito além do sistema solar,

até onde alcançam o pensamento e o coração

Vamos!

Vamos conjugar

o verbo fundamental essencial

o verbo transcendente, acima das gramáticas

e do medo e da moeda e da política,

o verbo sempreamar,

o verbo pluriamar

razão de ser e de viver.

Carlos Drummond